sábado, 15 de janeiro de 2011

Três piscadas e uma mordida


Tudo se passa estranho, vejo tudo num blur eterno, tudo em slow motion. Minha cabeça flutua tão alto que já não a enxergo mais, já é um objeto  distante e não identificável. Tudo começa a passar rápido de repente, o ar nunca foi tão fresco na minha pele, sinto cada músculo do meu corpo se mexendo lentamente num dialogo corporal nunca percebido antes. Todos parecem correr na minha frente enquanto vejo tudo passando antes da próxima piscada de olho. Pisco e então abro meu olho e me vejo num lugar diferente, tento não piscar mais mas é inevitável, a cada vez que pisco me sinto dentro de um stop motion, todas as cenas passam como num slide. Levanto e meu corpo está pesado, pesado de mais quase me arrasto no chão, minhas pernas não me sustentam e eu desabo na grama molhada, todos meu sentidos se encolhem, se atrofiam e de repente não sinto mais nada. Luto para acordar mas não é possível, estou caindo num buraco eterno sem ter como levantar, não tenho mãos para agarrar nem cordas pra me resgatar, vejo só as paredes brancas que me acompanham na minha queda infinita. O impacto se aproxima consigo ver o fundo dessa que queda que parece ter durado pra sempre, fecho meus olhos numa tentativa inútil de evitar a queda, abro meus olhos como num susto e única coisa que vejo é uma enorme coxa de frango que estou a devorar.

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