terça-feira, 11 de janeiro de 2011

quatro paredes e uma porta


A evolução nos tornou sós, começamos unos e terminamos nos dividindo por paredes finas que se alargam a medida que deixamos de nos cumprimentar.  Moramos ao lado de pessoas que nem conhecemos.  As paredes não estão mais nas nossas casas, mas nas nossas cabeças. Impomos-nos essa separação, somos um grande grupo desunido caminhando  por si só  sem poder olhar para o lado. Chegara um dia que nem nossas mães conheceremos, nosso individualismo nos cega para a parte que mais prezamos, e por mais que tentemos substituir nossos relacionamentos por meros pedaços de plástico o buraco solitário sempre existira. Nos privamos do contato visual, pois esse já se tornou estranho , não conseguimos olhar para o desconhecido, somos monstros ao nossos semelhantes, nos fechamos em pequenos grupos em nossos cubículos cheios de pedaços de nada conquistados por papéis pintados que de nada nos servem se não pra confortar nossa impessoalidade com sujeitos que nunca vimos. Agora as pessoas passam por nós e num segundo depois, depois de seu curto campo de visão o sujeito não te interessa mais nunca mais vai vê-lo, nunca vai saber como era, nunca vai ter tempo de lhe ter ódio. O único sentimento que você terá será o fome porque já está perto do almoço.

Um comentário:

  1. achei que só eu estranhava essa nossa disponibilidade de ver uma pessoa tão de perto estando tão longe, ou o impulso de nos confortarmos com os que estão distantes demais.
    não dá pra entender o medo humano de querer outro humano, né?

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